quinta-feira, 2 de outubro de 2008

colite não é doença

Colite não é doença.

É um distúrbio das funções intestinais, que se caracteriza por alterações na freqüência das evacuações e nas características das fezes. Há ainda aumento da sensibilidade nos intestinos, o que leva à dor ou ao desconforto abdominais. O problema é mais comum no intestino grosso, porém ocorre também no intestino delgado. Parte dos doentes tem diarréia, outros ficam com prisão de ventre e os restantes ora têm diarréia, ora prisão de ventre.

A colite, ou síndrome do intestino irritável, atinge 20% da população adulta. Ocorre mais em mulheres dos 15 aos 45 anos — a proporção, no Ocidente, é de duas mulheres para cada homem. Acredita-se que essas pessoas nasçam predispostas a terem os sintomas em algum momento da vida.

As queixas dos portadores de prisão de ventre são evacuações difíceis, que exigem esforço, fezes de pequeno volume e calibre, endurecidas, nem sempre diárias. Os que têm diarréia, de outro lado, precisam ir à toalete freqüentemente. Em geral, as evacuações se iniciam logo após o café manhã. Eles têm estímulos repetidos para evacuar, o que leva a uma sucessão de evacuações. Característica importante é a urgência para evacuar: quando vem a vontade, são obrigados a atendê-la de pronto; caso contrário, correm o risco de não conseguir se controlar. Tudo pode repetirse depois do almoço. Outra característica é que a diarréia se manifesta só enquanto estão acordados e não os desperta durante a noite.

Já quem apresenta a forma alternada passa alguns dias com diarréia e outros com prisão de ventre. No início dos sintomas há dias com evacuações normais, mas a tendência, para a maioria dos indivíduos, é a diminuição dos intervalos de normalidade. Outro sintoma importante é dor ou desconforto abdominais, que diminui à medida que eles eliminam gases ou fezes.

Por muito tempo se especulou sobre a possibilidade de a causa do distúrbio ter origem psicogênica. Submetido a impactos emocionais durante o dia, o organismo responderia com dor e alteração do ritmo intestinal. O fator emocional é real, mas hoje se sabe que os sintomas estão relacionados sobretudo à serotonina, substância produzida por células do estômago e do intestino que é responsável pela modulação dos movimentos e da secreção de fluidos nos dois órgãos.

Os critérios para o diagnóstico clínico do problema são os seguintes: dor ou desconforto abdominais que diminuem com a evacuação ou eliminação de gases, associados à alteraçãona freqüência das evacuações ou na consistência do bolo fecal.

Os sintomas devem existir no mínimo há um ano, por pelo menos três meses, consecutivos ou não, e em 25% das evacuações ou mais. Esses critérios dão exatidão diagnóstica à maioria dos casos; até porque não há exames de laboratório ou imagem que identifiquem qualquer anormalidade intestinal. Os sintomas da colite podem ser intensificados por stress, ansiedade, depressão e outros fatores psicossociais. Já alimentos gordurosos, laxativos ou produtores de gás — como leite, repolho, couve e grãos — aumentam o desconforto abdominal.

Pessoas com sintomas ou que se achem portadoras de colite devem consultar um gastroenterologista. O diagnóstico é clínico: o médico as examina e conversa com elas para descobrir se se enquadram nos critérios de diagnóstico. Constatado que são portadoras, caso tenham dor significativa, o controle é feito com antiespasmódicos ou outros relaxantes da musculatura intestinal, ou, ainda, com drogas que atuem sobre a sensibilidade da víscera, por interferência na ação da serotonina. O tratamento inclui produtos que corrijam o ritmo das evacuações e a consistência do bolo fecal. A colite é tratada com remédios, mas tende a voltar — muitas vezes sem motivo aparente ou quando a pessoa sofre impactos emocionais, mesmo positivos. É importante, finalmente, que evite os alimentos citados e, se possível, mude seu estilo de vida, aumentando os períodos de lazer com o objetivo de minimizar o stress.

* Sender Miszputen (67), médico gastroenterologista na capital paulista, é professor adjunto de Gastroenterologia da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp).

fonte: http://caras.ig.com.br/saude/saude_19.htm

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